Assim falou Zaratustra - Nietzsche













"Onde cessa a solidão principia a praça


pública, onde principia a praça pública
começa também o ruído dos grandes
cômicos e o Zumbido das moscas
venenosas. No mundo as melhores
coisas nada valem sem alguém que as
represente; o povo chama a esses
representantes grandes homens.[...]
O mundo compreende mal o que é
grande, isto é, o que cria; mas tem um
sentido para todos os representantes e
cômicos das grandes coisas.[...]
A praça pública está cheia de truões
ensurdecedores, e o povo vangloria-se
dos seus grandes homens. São para
eles os senhores do momento.[...]
As fontes profundas precisam esperar
muito para saber o que caiu na sua
profundidade.[...]
Foge para o teu retiro. Viverás próximo
demais dos pequenos mesquinhos.
Foge da sua vingança invisível! Para ti
não mais que vingança.
Não levantes mais o braço contra eles!
São inumeráveis, e o teu destino não é
ser enxota-moscas![...]
Elas desejariam o teu sangue com a
maior inocência; as suas almas
anêmicas reclamam sangue e picam
com a maior inocência.[...]
São aduladores e choramingas, nada
mais.
Também sucede fazerem-se amáveis
contigo; mas foi sempre essa a astúcia
dos covardes.
É verdade; os covardes são astutos![...]
Mesmo que sejas atencioso com eles,
ainda se consideram desprezados por ti
e pagam o teu benefício com ações
dissimuladas.[...]
E o que é grande
em ti deve precisamente torná-los mais
venenosos e mais semelhantes às
moscas.
Foge, meu amigo, para a tua solidão,
para alem onde sopre vento rijo e forte.
Não é destino teu ser enxota-moscas"
Assim falou Zaratustra."


Nietzsche é um autor reconhecidamente difícil de ser traduzido, não só por escrever num alemão clássico, extremamente refinado, mas por razões que lhe são próprias. Ele é, como o leitor não se cansa de ver no "Assim falou Zaratustra", um poeta e um filósofo, fazendo que o seu tradutor se embarace ao tentar reproduzir o som harmonioso da lira, ou o pio preciso e mais frio da coruja. Além disso a prosa filosófica alemã naturalmente vocacionada à metafísica, à abstração pura, apresenta complexidades diversas para qualquer tradutor de qualquer idioma. Em cada palavra poderá haver implicações outras, duplas, triplas, quadruplas, ... inúmeras.

Em português existem as conhecidas traduções de Mario da Silva (Círculo do Livro, SP), que é uma das mais antigas (relançada pela Editora da Civilização Brasileira, RJ), a de Eduardo Nunes Fonseca (da Hemus - Editora, SP) e, finalmente, uma bem mais recente, feita por Pietro Nassetti (Editora Martin Claret, SP) que conseguiu fazer da sua tradução do "Zaratustra" uma excelente leitura. Assim falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche (Editora Martin Claret, São Paulo, 1999, 255 págs., tradução de Pietro Nassetti)


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